terça-feira, 3 de junho de 2008

1968-2008


Recentemente visitamos esta que é a universidade pública brasileira em sua sintética essência, percorremos algumas de suas numerosas dimensões, especialmente a que se refere a livros e locais de experimentação criativa; acreditamos ser útil a reminiscência histórica-conjuntural do colega Danilo Silvestre, do DCE de lá, feita logo a seguir:

*"Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país
a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública."*

*(Anísio Teixeira)*

*"Feita a revolução nas escolas, o povo a fará nas ruas."*

*(Florestan Fernandes)*

Dia 1º de abril de 1968: os estudantes da UnB decidiram em Assembléia Geral
pedir a expulsão do então professor Roman Blanco. Contra ele constavam
várias denúncias, dentre as quais a de delatar estudantes para a Ditadura.
Dia 3 de abril de 2008: após Assembléia Geral, os estudantes da UnB ocupam a
Reitoria com uma extensa pauta de reivindicações, como a paridade e a
exigência de renúncia do Reitor e do Vice-Reitor.

Mais do que a semelhança nas datas, esses dois movimentos têm em comum o
fato de serem vitoriosos e de defender a Universidade Pública. Em 68 alguns
meses (cinco para ser mais exato) foram percorridos para que o então
professor fosse, de fato, expulso da UnB. Para isso, os estudantes chegaram
a retirar os pertences da sala de Roman Blanco e também de seu apartamento
na Colina. Em 2008 foram 13 dias de ocupação até a renúncia do reitor e do
vice-reitor. A UnB torna-se assim a primeira universidade a ter seus
dirigentes "cassados" pelo Movimento Estudantil.

Outro ponto bastante relevante e que está presente tanto em 68 quanto em
2008 é o desejo reprimido que o corpo discente da UnB possui de participar
de forma ativa das decisões da universidade. Ou seja, torna-se imperioso que
a comunidade da UnB dê vez e voz aos seus estudantes. Não estamos mais no
período da Ditadura Militar. Sem essa justificativa, como explicar que na
universidade idealizada por Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira e que deveria
ser a máquina da democracia, esta última não existe além do ideal
estudantil? Ideal que de tempos em tempos se levanta e que hoje ecoa assim:
"o estudante quer paridade! Democracia dentro da Universidade! "

E a pergunta fica no ar...

Para saber mais sobre o Movimento Estudantil de 1968:

A Rebelião dos estudantes (Brasília, 1968) – Antonio Pádua Gurgel

1968: O Ano que não terminou – Zuenir Ventura

Nota: Esse
texto foi originalmente publicado em
www.danilosilvestre .blogspot. com
Danilo Silvestre é Coordenador de Comunicação do DCE-UnB (Gestão Nada Será
Como Antes). Estudante de Ciência Política e militante do Movimento Instinto
Coletivo – UnB.

--
Danilo Silvestre
(61) 9221-8423
Movimento Instinto Coletivo

"Desligue a televisão. O que você quer encontrar pode estar lá fora"

Nenhum comentário: