quarta-feira, 18 de março de 2009

UESPI: sobre sonhos e realidade.

Por Thiago Oliveira
Todo estudante, quando entra na universidade, espera ter à sua disposição um ambiente adequado para a produção do conhecimento necessário para a sua formação profissional e para ser utilizado em sua vida em sociedade. Da mesma forma, toda universidade tem a obrigação de proporcionar a seus alunos os meios necessários para que sua principal função seja cumprida: a de formar profissionais capacitados e qualificados para, adequadamente, “devolverem” em utilidades práticas à sociedade aquilo que esta possibilitou que eles aprendessem.

Os estudantes deveriam ter acesso a uma universidade pública que lhes oferecesse uma boa estrutura, com equipamentos de qualidade, com professores bem remunerados, que possuísse amplo acervo bibliográfico, que lhes oferecesse ensino decente, além de possibilitar que eles participassem de atividades de pesquisa e de extensão.

No entanto, a realidade ousa discordar de nossas aspirações. O que nossos sentidos nos permitem perceber é que as universidades encontram-se abandonadas, entregues à sua sorte e aos mandos e desmandos dos interesses do capital privado. Essa política de desleixo é o reflexo da (des)preocupação do Poder Público com a educação superior. Por isso, encontramos universidades sucateadas, com péssimas estruturas, sem investimentos adequados em educação de qualidade e com as condições mínimas (ou até mesmo sem elas!) para que esta educação faça parte da realidade dos estudantes.

A UESPI também faz parte dessa história. Infelizmente, estamos inseridos no contexto nacional dominante de descaso para com as universidades públicas. Passamos pelos mesmos problemas que a maioria das universidades brasileiras passa. No entanto, como qualquer outra universidade, possuímos nossos problemas específicos (de uma forma ou de outra, eles são meras projeções dos problemas gerais) que, pouco a pouco, serão sentidos por cada um de vocês durante essa jornada que é a vida acadêmica. Sempre que o dinheiro acabar, ou quando o curso ficar mais puxado, ou quando os estágios começarem a aparecer (ou não!!!), ou quando precisarem do auxílio da Administração Superior, ou quando seu curso for interrompido pelos mais “bobos” motivos, vocês sentirão alguns “maus espíritos” puxando seus pés e impedindo que sigam suas vidas calma e tranquilamente. Aí, gradativamente, ficará claro que alguma coisa precisa ser mudada.

Não podemos esquecer o papel que cada estudante tem nessa odisséia para alcançarmos a tão almejada universidade de qualidade, pois somos personagens importantes nessa batalha, por menor que seja a nossa atuação para conquistá-la. Tudo o que temos é reflexo da nossa insistência para alcançarmos nossos objetivos e somente com insistência é que conseguiremos alguma coisa. De suma importância também, é que deixemos a apatia e o conformismo de lado e deixemos que nossa indignação nos movimente em ritmo constante, frequente, e não em breves lampejos de dinamismo em circunstâncias pontuais.

Uma universidade pública, gratuita e de qualidade não é um sonho. É um direito! Direitos não precisam existir somente na nossa abstração, no plano das idéias. Eles podem (e devem) existir de fato. A concretude desse direito depende de nós. Nós temos força! Mais do que isso: juntos, nós somos força e somente juntos é que conseguiremos transformar nossos direitos, de sonhos, em realidade.
“Sonho que se sonha junto é realidade” (Raul Seixas)


Thiago Oliveira é militante do Movimento Estudantil da UESPI (MEU) e do Corpo de Assessoria Jurídica Estudanil - CORAJE

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