quarta-feira, 6 de maio de 2009

Como tudo começou

Há nove anos atrás...

Um cara chamado Telsírio Alencar adentrou na UESPI no ano 2000, devido a apadrinhamento político, transferido como estudante de direito. Na época, o reitor da universidade era o Jônathas Nunes, filiado ao PMDB. Teucírio era partidário do PMDB, candidato a vereador nas eleições de 2000, ligado ao senador Mão Santa (à época governador do estado pelo PMDB). Interessado em conquistar votos, inseriu-se na academia estadual piauiense.

Júlio César Silva Holanda, companheiro de Teucírio, estudante de Direito da UESPI, ingressou na universidade também por expediente suspeito de auxílio político, filiado ao PCB. Júlio César e Telsírio descobriram que o presidente do DCE, Júlio “Mintirinha”, pelo estatuto da entidade, estava irregular. Com a posse dessa informação, encaminharam uma assembléia estudantil e elegeram-se em 2001 pela brecha da vacância administrativa no estatuto, devido às anormalidades constatadas na gestão anterior. Desde então, o grupo dessas pessoas realiza assembléias fantasmas e modifica o estatuto do DCE para facilitar sua manutenção no poder.

Em 2002 o Partido dos Trabalhadores (PT) venceu as eleições de governo e a reitoria passou a ser gerida por representantes ligados ao PT. Em 2003, a Administração Superior da UESPI iniciou investigações sobre os poderes do DCE: checagem dos alunos com notas falsificadas nos diários de classe, com ingresso irregular sem vestibular ou procedimento verossímil de transferência/portadoria de curso superior, etc. O Conselho Universitário – CONSUN, de posse das comprovadas denúncias, decide expulsar os envolvidos: Telsírio e Júlio César.

O roubo da ATA

Sabendo que Telsírio e Júlio César não eram mais alunos da UESPI – legal e administrativamente falando – alguns estudantes inconformados já há algum tempo, decidiram reunir os demais em Assembléia Geral em abril de 2004, para eleger uma nova diretoria. No momento da lavratura da ata, em que os estudantes, com as chaves do DCE em mãos, iam abrir as portas da sede da entidade, um sujeito, contratado por membros da gestão vigorante, furtou a ata da assembléia como forma de tentar impedir a legalização da nova gestão.

O ladrão foi interceptado por alunos na circunstância da fuga. Ele foi dominado e conduzido diante dos estudantes para que fosse indagado acerca do crime. A ata foi recuperada, mas por estar incompleta e rasurada pela ação do marginal, teve que ser desconsiderada. Foi realizada nova assembléia, registrada nova ata e dados os encaminhamentos legais para o cadastro da nova gestão.

Paralelo a isso, Telsírio e Júlio César conseguiram liminar determinando seus retornos como estudantes e voltaram ilegalmente aos cargos no DCE, pois haviam sido destituídos anteriormente pela segunda Assembléia. Mesmo assim, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Teresina – SETUT aceitou as razões de Telsírio e Júlio César, repassou para eles os códigos de barras para confecção das carteiras estudantis da UESPI, considerando-os diretores do DCE. Devido à pressão exercida pelos estudantes, eles mudaram a sede do DCE para fora da UESPI, se distanciando da universidade politicamente. Por conta disso, pouco tempo depois, o movimento enfraqueceu e eles se mantêm no poder do Diretório até hoje.

A liga dos C.A.’s

Em 2005 surgiu uma nova mobilização estudantil. Os Centros Acadêmicos – CA’s reiniciaram uma organização interna (e independente do DCE ilegal), montaram a Liga dos CA’s: um DCE alternativo. A liga, através de Conselho de Entidades de Base, legitimou a vontade dos estudantes e se preparou para uma nova Assembléia.

No primeiro semestre de 2005, o “DCE”, realizou um Congresso Estudantil da UESPI na cidade de Picos, na Escola Municipal Padre Madeira, no qual, foi realizada uma eleição para a nova diretoria, feita totalmente de forma duvidosa e fraudulenta. Sabendo do evento, os estudantes da Liga dos C.A’s foram a Picos se manifestar contra.

Surpresos com a presença dos estudantes, os “donos” do DCE mantiveram um segurança bêbado na porta da sala de votação, enquanto buscavam de moto, os 17 discentes que iriam “legitimar” a nova gestão da entidade. Num universo composto por cerca de 25 mil estudantes, 17 colocaram Genevaldo da Silva, testa de ferro de Telsírio e Júlio César, na presidência do Diretório Central dos Estudantes.



Em 31 de março de 2006, a Liga dos C.A’S, convocou nova assembléia com a coleta de mais de 4.500 assinaturas dos estudantes em abaixo-assinado. Na ocasião, mais de 300 estudantes, destituíram a diretoria do DCE e elegeram uma Comissão Provisória com prazo de 180 dias prorrogável por igual período para tomar as medidas necessárias para reerguer o Movimento Estudantil Uespiano.



A Comissão Provisória eleita não pode assumir por causa de barreiras jurídicas que impediram o avanço do movimento, enfraquecendo mais uma vez a atuação estudantil. Os estudantes não conseguiram nada com um mandado de busca e apreensão da documentação em geral relativa ao DCE, inclusive a prestação de contas da movimentação bancária, para destituir de fato os ocupantes ilegítimos e falsamente competentes para a gerência do DCE, conforme ainda hoje se encontram. O período de 180 dias, prorrogável por mais 180 dias encerrou e os estudantes tiveram, mais uma vez, que iniciar tudo do zero.

O atual Movimento Estudantil – Coletivo M.E.U.


Em 2008, um grupo de estudantes criaram o coletivo M.E.U (Movimento dos Estudantes da UESPI). Este ano, iniciaram uma nova mobilização e já obtiveram conquistas relevantes. Com apoio jurídico e muita luta, obtiveram acesso a ata de eleição da atual gestão (eleita em 2007), o atual estatuto e um parecer da Administração Superior sobre a situação de cada membro da diretoria do DCE. Com esses documentos em mãos, descobriram assinaturas falsificadas na ata de eleição e outras de pessoas que nem são de estudantes da UESPI. Além disso, o presidente da Comissão Eleitoral e o vice-presidente do DCE também não são estudantes e o presidente, ainda o Genevaldo, teve sua matrícula cancelada no primeiro semestre de 2008.

A pouco tempo o Coletivo M.E.U. conquistou também o direito de emitir as carteiras estudantis através da UESPI. Em assembléia realizada no dia 26 de abril, os estudantes decidiram que a carteirinha seria repassada a preço de custo, custando apenas R$ 6,00. Com isso, o movimento estudantil ganhou credibilidade perante os demais estudantes, mostrou que essa não é uma luta impossível e quebrou as pernas desse grupo que se mantêm no Diretório a cerca de dez anos, interessados, apenas, no dinheiro das carteirinhas. O que falta agora é os discentes da UESPI se unir para tirar essas pessoas do DCE.



Adaptado do blog de João Paulo, http://themesopotown.blogspot.com/



Um comentário:

A dona da loja de desejos disse...

Como testemunha ocular de alguns desses eventos, inclusive do roubo da ata, fico imensamente agradecida por essa exposição da história recente do movimento estudantil da UESPI. Fatos deploráveis como esse que citei e outros que mencionaram no post nunca devem ser esquecidos, para que jamais ocorram novamente(acho que o Helano gostaria que eu dissesse isso, ele que foi tão atuante...).Gostaria também de parabenizar aqueles que conseguem, mesmo diante de tanta dificuldade, manter vivo o espírito acadêmico, que mescla estudo e luta (mesmo que às vezes pontuais). Abraço a tod@s!