quinta-feira, 15 de maio de 2008

Carta de apoio à greve dos professores da UESPI

Companheiros e Campanheiras do Comando de Greve da UESPI e demais participantes da luta,

Tenho procurado acompanhar, mesmo na distância que as circunstâncias me impõem, as movimentações que marcam a greve.

Devo, antes de mais nada, parabenizar ao Daniel e às pessoas que tomam este novimento nas mãos, para fazê-lo vitorioso, mantendo sua legitimidade e justeza. Sei que é um momento de grande sacrifício pessoal e coletivo e que infelizmente, quase nunca, podemos contar com todos(as). Aproveito também pra falar da minha vontade de estar aí, neste momento, envolvida e vivenciando com vocês esta caminhada.

Isto não sendo possível, quero, pelo menos, externar, enquanto trabalhadora desta instituição, meu apoio e minha adesão, desde a primeira hora, ao movimento, por compreender que ele representa legítima e hitoricamente um instrumento dos(as) trabalhadores(as), usado em situações limite para externar descontentamento e, no caso, pressionar o governo no cumprimento das suas obrigações na direção dos interesses de quem carrega o maior fardo na construção do Estado e do país - os(as) trabalhadores(as).

Entendo que o momento é de defesa da universidade pública, como instituição referência no processo de formação e desenvolvimento social. Isto, certamente, diz respeito a condições de trabalho e de salário, ao equipamento de apoio técnico e pedagógico e, especialmente, ao relacionamento com a comunidade enquanto provedora, agente e beneficiária, o que pressupõe reforço à pesquisa e à extensão, ao lado da promoção do ensino de qualidade. Requisitos posicionados na contra-mão do aligeiramento, da realização indiscriminada de cursos de formação inicial à distância e do cumprimento irracional das demandas postas como críterio de avaliação da CAPES, portanto, a luta é local, mas é também de toda a sociedade brasileira pela educação pública de qualidade, que favoreça com dignidade, especialmente aos setores populares, historicamente colocados do lado de fora.

Não devemos recuar neste propósito; nem nos contentar com o mínimo, muito menos com o "possível", pois este tem sido, vida de regra, relacionado à uma racionalidade adminsitrativa de Estado equilibrado que, em ultima instãncia, nunca deixa de atender "aos que têm voto"

devemos assegurar em nosso horizonte, a utopia, realizável, do "ser mais", a exemplo do que o grande mestre Paulo Freire, nos ensina: "nada deve ser feito no sentido de ajudar o Estado a descartar-se de suas obrigações" (FREIRE, 1993, p.21 e 77), afirmando também que jamais os moviementos sociais devem permitir que durmam em paz os setores privilegiadas e distanciados dos interesses da maioria - Esta, é, portanto, uma terefa política e pedagógica.

Desejo que este momento contribua para (re)afirmar nossa condição de classe trabalhadora e para a elevação das nossas consciências na feitura do trabalho educativo cotidiano, legitimando, assim, cada vez mais nossa luta em favor do respeito e das condições dignas para realizá-lo.


Forte Abraço,

Lucineide Barros - Professora do CCE, Campus Poeta Torquato Neto, licenciada para o doutorado em Educação na UNISINOS (RS).

São Leopoldo (RS), 09 de maio de 2008.

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